quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Um pouco da chuva sempre fica na gente.

Francine é nome francês. Francine é rosto árabe. Sobrenome italiano. Álbum de fotos globalizado. Sorriso mudança-climática: derrete tudo que houver, com o perdão da infâmia. A Francine chegou em uma cidade que ela não conhecia, para me deixar, deixar eu e o Cássio, em uma cidade que sempre foi mais dela do que jamais será nossa.

Nós na festa mais bombada ever. No sentido de Gaza.
Ela transformou um laço frágil, laço de nacionalidade e de uma faculdade detestável, em uma corrente de prata bem firme, daquelas dos heteros porto-alegrenses de quem eu sinto nojo, mas dessa nossa corrente eu gosto. Gosto e coloco todos os dias no pescoço, nas fotos das viagens, no calendário. Uma corrente de risadas, chás de romã, chás de torta de limão, chás de menta no Marrocos, chás no Starbucks em vez de assistir ao Gre-Nal. É que água fervente mata tudo que houver, e nós duas tínhamos memórias para ser queimadas. 

Como uma estranha e pequena tribo, estou vinculada à Francine pelas fogueiras que acendemos juntas para esquecer quem a gente achou um dia que era fortaleza - mas eram só gravetos inflamáveis. A Fran me curou do mais doentio de mim, e me curou das minhas febres, das cólicas, da saudade de casa. Foi embora para que eu soubesse que para algumas coisas não há cura - só o tempo mesmo. Tempo que com ela voou, e nós voamos também. Voamos de Ryanair, voamos de camelo, voamos de carro do Ludo pra Brest, até que ela voou de volta pro Brasil. E do voo ficou o vento da Bretanha, a lembrar que todo sorriso é retorno.