sábado, 21 de agosto de 2010

a mesma língua.

Uns tantos idiomas
quatro cinco
(que grande incompreensão
duas pessoas em uma língua só).

peço para repetir a frase
repetir o gesto
repetir a gosto
me abraça e nada foi jamais tão claro:
teu peito,
dicionário bilíngue.

a pele é sábia
o que há a ser dito
veio de nascença na carne.

aponta constelações
que jamais vi.
na tua boca
vive muito do que desconheço.

trago cachaça
que refuto para o teu espanto
não é meu lado russo
é minha contradição latina

pergunto tudo que toco
à exaustão
tocas tudo que sou
à exaustão

ao contrário
te aproximas sem pudor
dispensa no primeiro sorriso
o detalhe
de que o tempo passou.

não sei como te cumprimentar.
esgota todas as possibilidades.
meu lábio tremula
contra o teu.

(o corpo jamais precisa
de repetição)

entende tudo de primeira
entende tudo de ouvido
de braços
de pernas
de pescoço
e se ainda assim repete
é porque pouco importam

os quatro
os cinco
idiomas em que a gente se encontra.

se perder um no outro
é como a gente melhor se entende.

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