Nunca me senti tão próxima do Chico. Somos eu e ele, todos os dias. Espero impaciente que seja noite no Brasil. Ela não aparece. No meu país é sempre manhã. São cinco horas de diferença, vinte e um ano de semelhanças. Não quero fazer soar tal exílio meu intercâmbio seis vezes sonhado. Algumas distâncias não precisam de quilômetros para se firmarem.
Porto Alegre é uma casa no alto do Cristal, é ligar pra Tephy pra gente decidir juntas só ir amanhã na academia. É ir no bar das lébskas pra continuar nosso seriado, é gif de relacionamentos abertos, é o Planalto lá na distante Zona Norte, na mesma rua que a Stock, e ir junto com ela uma vez por semana pra UFRGS, mais por afeto que por praticidade.
Porto Alegre é comprar colchão com o Guilherme, fazer festa junina com a Cassi, a Clá, a Carol, a Nanda, o Bruno e sempre sentir falta da Aline. É a Cultura cheia de livros lindos que não posso comprar, é ir ao cinema na sessão louca das mães, é encontrar tudo que não estou procurando no centro lotado, pra depois entrar no café do Mário Quintana, no café do Margs, no Café do Cofre - não achei nenhum café melhor em Paris, garanto.
É ir em sebos com a Jubão, em palestras de arquitetos que curtem uma graninha, é meu pai sempre querendo que ela estagie com ele. Porto Alegre é chegar em casa à noite e sentir o cheiro bom (falta maluca!) da comida feita em casa do pai, é ouvir a mãe falar sobre tudo e sobre nada e procurar meus gatos, é reclamar que a Gabi tá assistindo Smalville DE NOVO na sala, porra, como é que pode? (E depois assistir junto e ficar perguntando incessantemente sobre tudo).
É a vó juntando dinheiro pra vim me visitar, lindérrima e gauchista, rindo de quando o vô, gaúcho típico, atirou pela janela o quadro dela do Che, "quadro de homem em casa, só o meu". A vó reclamando e atiçando meu feminismo - "que merda, Lê, eu também queria fazer ter feito isso, mas na minha época eu era um grande hímen - que coisa mais estúpida!" A mesma vó que me disse, com algumas lágrimas mal-disfarçadas, "Lê, tu tem que transar com todo mundo em Paris! Tu só é jovem uma vez!" e eu embaraçada na frente da família, clima super casar virgem e bons costumes.
Agora sou só eu na frente do meu embaraço. Embaraço sem plateia - e que desconhecidos não são plateia cativa, não vale a pena. Então converso com o Chico, com o Ney, com a Nara, com Caetano. E estou longe de casa ainda, mas tenho um pouco de música. Tenho muito de vocês.
Te garanto que Porto Alegre é menos Porto Alegre sem a tua presença.
ResponderExcluirPorto Alegre é pensar em convidar a Leti pra tomar clericot no Dometila, e lembrar que ela agora está na França super chique e vai aproveitar demais! OUI, OUI!
ResponderExcluirEu sinto tanta saudade de irmos juntas para a Reitoria! Te amo tanto minha linda!
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