quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Retrospectiva, ou a decadência, dos meus últimos 30 dias.


Paris: uma cidade de todos.
Colabore já!
Como hoje, dia 15, faz exatamente um mês que deixei o Brasil, nada melhor que uma boa retrospectiva.

Então, há exatamente uns 30 dias, eu estava fechando as malas (por que tão grandes?) em uma casa adoravelmente mobiliada, tendo, aliás, uma loja de móveis planejados (http://www.inusitta.com.br/) para quaisquer imprevistos.

Coloco aí o site para a contraposição ficar ainda mais clara, mas dada a situação atual do meu cartão de crédito (vocês verão), aproveito para lançar a campanha humanitária "Viagem Zero", que consiste basicamente em vocês renovarem suas casas com móveis dignos (ao contrário de moi) e, com isso, ajudar altruisticamente o meu intercâmbio e, principalmente, as minhas idas a Paris, que hoje se vêem ameaçadas pelo meu mínguo extrato bancário.

Pois bem, há 20 dias, eu estava em Paris, chiquérrima comendo pratos congelados de mercado, mas ainda assim, em Paris. Feliz e despreocupada, sem saber das agruras que a vida planejara para moi.

Um trem, duas horas e algumas semanas depois, chegamos ao estado atual das coisas.

AVISO: Se você é cardíaco ou sensível demais, não leia as próximas linhas.

Então que, voltando da Sciences Po, anteontem, Eu, Cássio e Francine nos deparamos, no chão, ao relento da calçada, com duas gavetas velhas e uma mesa com dois pés quebrados.

O que fizemos então?

a) olhamos com desgosto e continuamos;
b) Cássio chutou-as para ver se quebrava;
c) Francine sentiu-se grata pelas lindas mesas da residência universitária Patton;
d) Letícia, como de habitude, tropeçou e hoje vos escreve com os joelhos sangrando;
e) em meio a pulos de alegria, levamos as gavetas e a mesa quebrada para casa, pensando que finalmente teríamos onde comer.

(...)

a) olhamos com desgosto e continuamos; (X)
b) Cássio chutou-as para ver se quebrava; (X)
c) Francine sentiu-se grata pelas lindas mesas da residência universitária Patton; (X)
d) Letícia, como de habitude, tropeçou e hoje vos escreve com os joelhos sangrando; (X)
e) em meio a pulos de alegria, levamos as gavetas e a mesa quebrada para casa, pensando que finalmente teríamos onde comer. (V)


Assim, 30 dias depois de sair de casa, a eterna narrativa latina do jovem na Europa confirmou-se: somos quase papeleiros. Mas, vejam bem, papeleiros com estilo. Apresento-vos, meus caros, em primeira (tá, de segunda) mão, a nossa adorável mesa:


IKEA não faz melhor.
 Notem o design, a gaveta embaixo de maneira a maximizar o espaço, unindo o belo ao utilitário, super tendência.
 Do Lixo ao Puroloosho na Europa


Quem precisa de móveis planejados quando se tem lixo europeu nas ruas?


Francine já tem onde colocar as panelas:
a mesa salvadora.
Pois bem, estávamos felizes e dispostos a comemorar nossa aquisição sustentável, de olho nos padrões de exigência ambiental, sem sequer um prego desperdiçado, e então decidimos ir para Paris.



Como a escritora maravilhosa que sou, os mais atentos perceberão que agora interligo esse parágrafo ao terceiro, retomando a Campanha Humanitária Viagem Zero. Pois que fui pagar minha viagem e, claro, cartão de crédito recusado.



É isso mesmo. 30 dias depois de sair de casa, mobilio o quarto com lixo e estou com cartão de crédito recusado. Mais uma vez, perpetua-se a maldição latina sobre os que tentam sair do berço esplêndido.


Em meio aos Grandes Aprendizados que essa vida, agora dificílima, como vos relatei, em seus tortuosos 9m², trouxe-me nesses últimos e rigorosos dias de escassez (meus quilos a mais regados a Lindt, Kit Kat e risoto de pêra que o digam), não pode ficar de fora outra revelação que mudou definitivamente a minha vida: cozinhar não é impossível, só chato.

Despedindo-me, deixo-vos ainda um sábio conselho talhado pelas experiências drásticas deste último mês: façam isso também. É a melhor coisa do mundo.



E participem da Campanha Humanitária Viagem Zero, óbvio.



(ok, se a vida está fácil, o que dificulta mesmo é a saudade. Ela é grande e está engordando, que nem eu (o problema é que para acabar com ela não bastam corridas e melão docinho)).



Beijos luxuosos.

Um comentário:

  1. (30 f*cking dias sem Leti E A VIDA CONTINUA à revelia - porque é uma cretina, claro.)

    Chica, lixo e cartão recusado na Europa é melhor que juntar moedas de 10 centavos pra comprar cachorro-quente no campus centro, mas desistir, porque o real motivo de se comer cachorro-quente é um postal do Petit Prince colado na parede do quarto - e como é que eu não tinha assinado o RSS disso antes.

    viva na miséria na Europa por mim.

    Beijos provincianos.

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